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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

quadro negro


quadro negro

no verde vomitado deitado,
contempla inútil a risota de quem passa,
chora imóvel escorrido no chão,
personagem triste e transtornada !

a escuridão que vai e vem com o piscar dos olhos,
embala-o num sossego mortalmente pesado,
deixa de existir tudo … barulhos … imagens …
quais sentidos … quais emoções !

um grande quadro negro apresenta-se à sua frente,
como esponja absorvente rouba-lhe os desejos,
vão-se memórias e recordações abraçadas,
como um desfile de luzes e flashes …
desaparece tudo no infinito pequeno !

estimado amor perdido pela vida que se esvai,
empurrada por este mundo por maldades incontáveis,
arrasta-se perdida e triste em busca de uma saída,
um buraco que possibilite um escape …
para abandonar este corpo gasto e moído aprisionado !

nem conspurcada como nunca antes vista,
serve de emenda a este pobre corpo caído,
não sabe e nem imagina o que lhe espera ainda,
está agarrado por demasiadas histórias e magias,
foi amaldiçoado por maldosos feitiços !

a água cai como setas que espetam na carne que não tem,
o vento arranca-lhe as roupas rasgadas de uso,
o frio adormece-o lentamente …
e a sua luz devagar vem-se apagando …

e esta vida que está presa … quase liberta,
abraça este momento que não espera …
é o instante decisivo,
do abandono … sem retorno !

mas estremece de ansiedade,
baralha-se e confunde razões,
relembra alegrias distantes,
um passado conjunto antigo e feliz,
repleto de aventuras marcantes …

quem passou a vida a lutar,
que perdeu tantas paixões … mesmo da vida,
abandonado à sorte pelas ruas,
sem esperanças no futuro que se adivinhava …
e de tantas promessas incumpridas !

é apenas um corpo oprimido,
que sem apostas ou possibilidades,
até aqui conseguiu chegar,
sempre subjugado … sempre castigado !

tantas sensações … que sem corpo vai perder,
pergunta-se sem resposta o que fazer …
sabe o que quer … e não é desistir nem abandonar,
talvez reconquistar humildemente o tempo perdido,
mais uma vez lutar …
sem descanso …
ou perdão !

lentamente o quadro negro se esbate,
invadido por um calor misterioso … que o aquece,
a vida viva recupera este corpo frio inerte no chão,
a oportunidade poderá ser única…
… pelo menos por mais esta vez !

é mais uma vez a esperança que não desapareceu …
escondeu-se apenas !

é mais uma vez a luta pela vitória …
que numa batalha quase se perdeu !

é a coragem adormecida !

é a sabedoria !

dio

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Gimme Chelas ( microfilme de Rui Reininho produzido para a 1ª edição Festival Microfilmes)