espírito achado
deste chão que piso quando caminho,
este em que deixo as minhas marcas,
ouço um murmurinho ... tão baixinho,
em cada passada ... cada vez que o piso,
de outros que talvez por aqui já passaram !
caminho devagar evitando os barulhos,
estou curioso com todos estes sons,
soam a antigos ... quero ouvir ...
podem ser vozes que reclamam,
nunca antes terem sido ouvidas !
eu deito-me nele ... neste chão,
para o sentir ... mesmo frio,
relaxo todos os meus sentidos,
para o escutar ... compreender,
o que estas vozes têm para dizer !
podem ser talvez relatos ...
de grandes lutas e guerras longas ...
infelizes romances escondidos,
ou apenas histórias de lendas lindas,
ou horríveis acontecimentos !
mas alheado aqui deitado no chão,
olho o céu tão limpo e brilhante,
que sem qualquer nuvem apela à paz ...
descontraio-me ... deixo-me levar,
como se flutuasse ... num voo baixinho !
e o murmurinho que julguei ouvir ...
parece ter desaparecido ... deixei de ouvir,
foi substituído por outros ...
quem sabe porventura mais reais ...
serão concerteza verdadeiros !
as folhas que roçam umas nas outras,
nos galhos e troncos de tantas arvores,
estas que me rodeiam neste espaço,
eu quase sinto o seu abraço ...
que me aconchega e delicia !
ouço a sua voz trazida pelo vento,
passa por mim e ecoa em meu redor,
nestas ervas altas que me envolvem,
que suavemente me acarinham,
com movimentos cordenados ... são ligeiras !
sem querer ... sem pensar,
sem qualquer esforço ... saio de mim,
reencontro o meu espírito,
que julgado já perdido,
vagueava triste e sozinho !
ouvir ... escutar ...
compreender ... aceitar ...
para encontrar o que preciso,
talvez seja uma paz ...
e talvez a mereça !
diospiro
090113a1030CRiv284/05
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