quinta-feira, 10 de abril de 2008

despejar a alma no chão !


despejar a alma no chão !

raspo esta casca de pele que me tapa,
velha … ressequida e encardida,
cobre-me a carne e os ossos,
dá-me a forma que apresento !

camadas de merda e sujidade,
não despega nem lhe vejo fim,
tantas células mortas coladas,
coço … esfrego e arranco …
não descanso !

já me doem os dedos,
tanta é a força que faço,
parece uma carapaça,
parecem crostas …
capas de antigas feridas !

não paro … não consigo,
esta impulsividade instantânea,
creio que estou descontrolado,
tenho de resistir …
apetece-me tanto chorar,
assim não aguento mais !

o vermelho húmido …
sinto-o passar lentamente,
quente … pesado …
quer sair … libertar-se,
largar o peso contido,
despejar a alma no chão !

farto do fardo carregado,
das antigas histórias vividas,
este será o derradeiro …
o verdadeiro momento de vida !

sozinho e já deitado no chão …
observo de lado este rio que deixo …
avança lentamente brilhando,
enquanto cresce vejo nele o sol …
quente é o reflexo …
frio é o desfecho …

dio

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