sábado, 26 de abril de 2008

sei que gosto do desejo !


sei que gosto do desejo !

fumo um cigarro sentado à janela,
olho o infinito … olho o escuro !
lentamente absorvo restos de êxtase,
lutado … bem conseguido !
o escuro facilita o descanso,
o escuro facilita a interiorização …
a alienação de sentidos,
a concentração objectiva …
o resultado de um desejo !
o frio não arrefece,
os problemas não preocupam,
são momentos únicos …
que aproveito enquanto existem !
destino … nada,
rumo … nenhum !
corpo entorpecido,
corpo cansado,
tomada de consciência,
retorno adiado !
mas a realidade cai,
acorda em mim lentamente …
aceito a morte deste espírito solto !
avalio quem sou,
descubro o que já sei …
sou um preso livre de circulação,
sou um preso livre de pensamentos,
preso neste corpo limitado,
sou um preso amarrado em acções !
o que resta de um êxtase conseguido ?
porque não o consigo prolongar tanto quanto o desejo ?
porque não o desejo tanto enquanto o prolongo ?
para já esta abstracção serve-me …
mas suspiro tanto quando me lembro …
não sei se do prazer,
se da alienação,
do acordar !
sei que gosto do desejo …
e do sangue a ferver-me nas veias,
e do coração que me quer sair do peito,
dos músculos tensos e contraídos,
dos movimentos sincronizados …
em delírio …
isto sim !

dio

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