sábado, 22 de dezembro de 2007

sinto-me separar !


sinto-me separar !

deitado sinto-me separar,
fisicamente demonstrar o meu espírito,
sinto-o ondular por cima de mim como uma chama a arder num tronco,
numa fogueira ou numa lareira qualquer ...
ele está em mim mas não é meu !
de olhos fechados separo-me do meu corpo,
vejo-o, observo-o atentamente ...
sou o eu presente que ali vejo,
deitado com uma luz brilhante,
dos pés aos cabelos,
ondula ...
sem controlo algum ela muda em cores sem padrão,
sem identificação,
não compreendo !
parece algo a querer sair de mim,
libertação relativa,
temporária,
ou não ...
pode ser apenas um sonho,
um tormento,
uma verdade imaginária,
um desejo preso as verdades conhecidas,
medo de se separar,
não mais poder voltar ...
voltar ao que era antes de voar,
de experimentar um arrebatamento absoluto de vida,
vida para além do forçado,
não puder mais suportar o condicionamento humano consciente,
medo de não ser mais aceite nesta sociedade lógica ...
muitos "ses",
muitos " porquês",
nenhuns "por isto" !
viajar livre de escolhas,
no entanto ...
preso a um mundo criado,
perspectivas rasas,
mundo elaborado ...
cheio de circuitos,
muita diversidade,
ideias e ideais pré-concebidos,
sem saídas ...
aqui começa ...
ali acaba ...
livres ?
seremos de facto o que queremos ?
sinto medo ...
muito ...
por mais diversas que sejam as ofertas,
o fim será sempre concreto,
advinhável !
está escrito ...
somos nossos escravos,
fomos ...
seremos ...
sempre !
nunca vou parar de querer mais,
jamais será suficiente o que possuo,
quero sentir-me realizado como sei que nunca o serei !
preciso, senão paro já por aqui ...
limitado pelo que sou,
ilimitado em imaginação,
que me falta para prosseguir ?
pelo menos a noite,
deitado,
sei que posso desejar,
tornar-me eu próprio um desejo,
intimamente partilhado com muitos outros,
voar num espaço criado em mim ...
puder ser quem não sou ...
por instantes ...
ser quem quero ...
é o meu desejo !


Dio

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